Ensino superior: os cinquentões estão com tudo!

O saber não tem idade e aprender é uma atividade que pode ser realizada em qualquer época da vida; em Alagoas, estudantes com mais de 50 anos que ingressaram na faculdade contam suas histórias de superação e expectativas para o futuro

Por Lucas França / Revisão: Bruno Martins | Redação

É senso comum ter a ideia de que estudar é uma tarefa para jovens, não é mesmo? Quando se pensa em curso de graduação, a grande maioria das pessoas já imagina logo as turmas recém-saídas do ensino médio ou formadas por jovens adultos. Porém isso vem mudando a cada ano.

A graduação é possível em qualquer idade e na maturidade não é diferente, até porque o saber não tem idade e o ato de aprender é uma atividade que pode ser feita em qualquer época da vida, seja aos 18, 19, 20, 25, 30, 32, 35, 40, 50, 52, 60 anos ou até mais...

José Moreira, 58 anos; Vicente Saturnino da Silva, 53 anos; e Lecy Silva Vieira, 54 anos, são exemplos de cinquentões que ingressaram no ensino superior na maturidade. E os motivos para esse “atraso” são diversos, seja por condições financeiras da família, questão profissional, tempo ou distância da faculdade, enfim. No entanto, eles nunca desistiram dos seus sonhos, apenas adiaram um pouco mais. Ah, tem os que retornaram para as salas de aula em busca de outra graduação.

Os personagens citados fazem parte do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) - instrumento mais completo do Brasil sobre as instituições de educação superior que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica, além dos números de alunos e docentes. A ocupação dos espaços universitários por pessoas com 40 anos ou mais tem aumentado. 

Segundo o último censo, eles já representam cerca de 600 mil alunos, o que dá mais de 13% do total dos estudantes brasileiros nas universidades. Em Alagoas, segundo este censo, dos quase 7 mil alunos de graduação em 2022, 1.330 estão na faixa acima dos 40 anos. Eles são 19% dos estudantes das universidades alagoanas, um número maior do que a média nacional.

Dos quase 7 mil graduandos em Alagoas em 2022, 1.330 estão acima dos 40 anos (Foto: Edilson Omena)

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), na última década cresceu em 182% o número de pessoas com mais de 50 anos que ingressaram na vida universitária. Tal indicativo está ligado, sobretudo, à melhoria da qualidade de vida e maior expectativa para a longevidade, dois fatores que ajudam e muito a essa parte da população a concretizar planos antigos ou realizar o simples desejo de se reinventar pelo conhecimento.

Entre os fatores que colaboram de forma significativa para essa tendência está o financiamento estudantil facilitado, que ganha o caráter de incentivo e suporte na realização de uma graduação, e a ausência de cobrança familiar, diferente de quando se escolhe uma carreira ainda na juventude.

Por outro lado, quando se fala de faixa etária elevada dentro de espaços acadêmicos, um assunto que tem sido abordado com frequência é o etarismo. O termo refere-se ao preconceito voltado às pessoas mais experientes, causando impactos em sua vida pessoal, profissional e prejudicando sua aprendizagem.

Um estudo de 2021 ministrado pela Global Campaign to Combat Ageism (Campanha Global para o Combate ao Etarismo) aponta que aproximadamente 50% dos entrevistados demonstram preconceito com pessoas de idade avançada.

Mesmo sendo vedado pelo Estatuto da Pessoa Idosa, com pena de seis meses a um ano de reclusão (Lei nº 10.741, de 6 de outubro de 2003 – Art. 96), esse tipo de discriminação ainda é muito presente na sociedade, inclusive nas universidades e instituições de ensino. O antigo Estatuto do Idoso foi rebatizado como Estatuto da Pessoa Idosa. A Lei 14.423/2022 foi sancionada e publicada no Diário Oficial da União (DOU).

ETARISMO

Os idosos constituem o grupo que mais sofre com o etarismo no Brasil e no mundo. É uma prática muito comum contra pessoas idosas, principalmente no mercado de trabalho.

DOCENTE

Para o professor universitário e coordenador do Curso de Direito da UNINASSAU Maceió, Vitor Montenegro, as instituições estão cada dia mais aptas a receber os alunos com a faixa etária mais elevada, assim como os estudantes mais jovens estão respeitando a entrada dessa parcela da população no espaço acadêmico.

Vitor Montenegro, coordenador do curso de Direito da UNINASSAU (Foto: Edilson Omena)

“O crescimento de alunos com a faixa etária mais elevada vem fazendo com que as universidades se preparem cada dia mais para receber este público. E eles também chegam já preparados para enfrentar alguns desafios tecnológicos, mas por seus desejos e experiências estão tirando de letra. É uma troca entre eles e os alunos recém-chegados do ensino médio ao superior. Por terem uma idade maior, terem mais experiências de vida, estes estudantes acima dos 40, 50 anos e até idade superior a essas, são mais envolvidos com os assuntos abordados, dedicados e mais questionadores”, disse o docente.

Veja no vídeo ao final da matéria a entrevista completa com Vitor Montenegro.

'A literatura nos ensina que quanto maior a escolaridade, maior é o rendimento. Um recente estudo do Ipea confirma que a diferença salarial entre trabalhadores com ensino superior e médio chega a quatro vezes', diz o economista Lucas Barros.

José Moreira é estudante de Direito aos 58 anos (Foto: Edilson Omena)


“Quero ser inspiração para todos, inclusive para os jovens que ainda não estão pensando no futuro”

Aos 58 anos de idade, o funcionário público José Moreira, mais conhecido como seu Moreira, está na sua primeira graduação. E, diga-se de passagem, com louvor. O estudante de Direito, como gosta de ser chamado, afirma que a experiência é a melhor possível, pois além de estar tendo a oportunidade de realizar um sonho antigo, inspira outras pessoas a pensarem no futuro.

“De início fiquei meio receoso em entrar porque é um curso bem puxado, pela idade e também pelo desenvolvimento tecnológico nas universidades. Pensava que não iria conseguir, mas já estou no oitavo período e amando a experiência. Eu sempre quis fazer Direito, mas na época não tive a chance devido às condições financeiras da minha família, depois o tempo foi passando, constituí família, comecei a trabalhar e o sonho foi sendo adiado”, conta Moreira.

O estudante de Direito conta que a oportunidade só foi possível graças a um convênio entre a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

Seu Moreira não esconde a emoção e já pensa em planos futuros. “O curso é puxado, mas já estou perto de concluir. Meu desejo é atuar, quero ser advogado, fazer a prova da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e me especializar na área criminal. É um sonho antigo e vai ser uma grande realização. Tenho o apoio da minha família, minha esposa - que é um porto seguro, além de filhos. Eu digo e repito: a educação transforma vidas e meu maior desejo é que os jovens pensem nisso, entrem em uma faculdade para ter um futuro melhor. Aos mais maduros, se têm um sonho, não desistam, nunca é tarde para começar ou recomeçar”, ressalta.

Confira um pouco mais a história de seu Moreira no vídeo ao fim da reportagem.

REALIZADO

Assim como seu Moreira, Vicente Saturnino nunca desistiu do sonho de ingressar no ensino superior e ter um diploma nas mãos. Na juventude, o estudante do 5° período da faculdade de Educação Física conta que não tinha condições financeiras e precisava trabalhar para ajudar nas despesas de casa.

“Tive que adiar algumas coisas e pular etapas, pois não dava para ser prioridade naquele momento. Retomei os estudos aos 49 anos e conclui na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Agora aos 53 anos estou cursando Educação Física. Eu sonhava em ser um preparador físico e agora estou mais próximo do meu sonho, por isso me sinto feliz e realizado”, comenta Vicente.

Residente de Paulo Jacinto, Zona da Mata de Alagoas, Vicente Saturnino conta que os colegas de turma, em sua maioria bem mais jovens, ficam admirados com sua garra e força de vontade.

“Nunca senti ou sofri preconceito por parte dos meus colegas de turma e nem na faculdade, bem pelo contrário, eles ficam admirados por um coroa como eu não ter desistido dos meus sonhos. É uma troca de experiência bem bacana”, disse o estudante, ressaltando que também recebe apoio da família.

Saturnino estuda na modalidade de Educação à Distância, na qual alunos e professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.

O futuro preparador físico tem aulas presenciais apenas às terças-feiras, em uma faculdade particular, e é nesse dia que ele embarca no ônibus escolar e encara a distância de 39 quilômetros de condução para chegar ao seu destino.

MAIS CONHECIMENTO E PREPARAÇÃO

Com o magistério em mãos e ministrando aulas em escola da rede pública municipal, a pedagoga Lecy Vieira conta que decidiu fazer a faculdade quando precisou se adaptar na área da pedagogia e levar mais conhecimentos para os alunos.

“Já tentei ingressar em uma faculdade outras vezes, mas por motivo de distância e horários acabei não me adaptando com a rotina e não concluía, até porque na época morava na zona rural de Paulo Jacinto. Porém com todas as mudanças que aconteceram precisei me adaptar e fazer a faculdade de pedagogia”, esclarece Vieira.

Assim como os demais personagens ouvidos pela reportagem do portal Tribuna Hoje, Lecy diz que entrar na universidade e estudar com os mais jovens foi sua melhor escola e teve todo o apoio da família e colegas de trabalho. “Sinto-me realizada por estar preparada para conduzir o aluno para o futuro. Foi importante me atualizar”.

Questionada se sofreu algum tipo de preconceito pela idade, a pedagoga afirmou que não aconteceu. “Nunca, apenas recebi elogios por tomar uma decisão certa, em me preparar para minha profissão depois dos 50 anos. E breve quero me especializar, fazer uma pós-graduação, pois aprender não tem idade. Conhecimento nunca é demais”, finaliza Lecy Vieira.

FINANCIAMENTO ESTUDANTIL

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores não gratuitos na forma da Lei 10.260/2001.

A opção do setor público mais conhecida é o Fies, oferecido pelo MEC com condições de pagamento e juros geralmente mais favoráveis.

Já o financiamento privado, disponibilizado por bancos e outras instituições, pode apresentar flexibilidade na aprovação, mas costuma ter taxas de juros um pouco altas.

O financiamento estudantil tem um propósito social e, ao mesmo tempo, econômico. Sem dúvidas, ele foi construído para mudar a vida de pessoas que desejam ter um diploma de curso superior. Mas seus efeitos vão muito além disso, confira:

-> Facilitar o acesso à educação: o financiamento faz com que a educação superior seja uma realidade para quem não tem recursos financeiros;

-> Promover a inclusão social: as linhas de crédito democratizam o acesso à educação superior, gerando oportunidades para pessoas das camadas sociais mais baixas;

-> Apoiar o desenvolvimento de carreira: o custeio dos estudos oferece a possibilidade de construção de uma carreira sólida;

-> Contribuir para o desenvolvimento econômico: mais pessoas formadas, significa mais mão de obra qualificada, o que ajuda a impulsionar a economia e o desenvolvimento do país.

Programa da Uneal debate temas para o público da terceira idade

O Programa Universidade Aberta à Pessoa Idosa (Unapi), da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), coordenado pela professora Sara Cerqueira, tem como objetivo viabilizar mudanças sociais que permitam ao idoso o direito de se integrar na universidade, participando ativamente das atividades acadêmicas de acordo com seu ritmo de vida e interesses pessoais e sociais.

Os trabalhos são realizados com turmas nos campi III - Palmeira dos Índios e VI - Maceió.

O Unapi teve início com a primeira turma em 2018, na cidade de Palmeira dos Índios. Naquele ano foram 132 inscritos no programa; em 2019, 150; em 2020, em plena pandemia, foram 70 no primeiro semestre e 100 no segundo. Já em 2021, 80 participantes, já em período pós-pandemia; em 2022, 100 pessoas; em 2023, 150 idosos; e agora, em 2024, 125 pessoas.

Na Unapi Maceió, que iniciou o projeto apenas em 2023, foram 50 na primeira turma, e, este ano, mais 60 pessoas idosas.

Sara explicou também que o Unapi deixou de ser um projeto de extensão e com a aprovação da Resolução nº 02/2923 - CONSU/Uneal é agora um programa. "Por isso, aos poucos, podemos implantar em todos os seis campi da Uneal", destaca.

De acordo com a coordenadora geral do Unapi, Sara Cerqueira, o programa é muito importante para a Uneal e para toda sociedade. “O trabalho pedagógico e extensionista desenvolvido com pessoas idosas é muito importante para a universidade, enquanto ação de extensão que envolve as várias áreas do conhecimento e cursos da instituição, enquanto ação formativa e integradora para as pessoas idosas matriculadas no Programa”, explica Sara, acrescentando que é “importante ressaltar que, ao longo desses anos, a Uneal vem produzindo e-books chamados cadernos pedagógicos voltados para o público idoso, assim como para a ação formativa junto a educadores”.

Coordenadora-geral do Unapi, Sara Cerqueira, à direita (Foto: Arquivo pessoal)

Cerqueira reforça que não há como quantificar o número de pessoas, já que muitas delas se repetem por ano, ou seja, voltam a participar do curso no ano seguinte. Sempre “são ofertados cursos e atividades diferentes a cada ano”.

A professora Ana Lydia, coordenadora da Unapi Maceió, disse que o programa é bem aceito pela comunidade, pois debate temas da realidade da pessoa idosa e voltados para elas. “São debates, oficinas e momentos de conversa que são da realidade de cada um deles. É um projeto de extensão e inclusão social que vem sendo muito aceito por toda a população”.

No vídeo, Ana Lydia fala mais sobre a importância do projeto Universidade Aberta à Pessoa Idosa.

“Educação na maior idade mantém a mente ativa e ocupada, evitando até o envelhecimento cerebral”, diz psicólogo

De acordo com o psicólogo Carlos Gonçalves, vale salientar que voltar a uma sala de aula depois dos 50 anos traz reflexos bastante positivos em diversas áreas da vida desse indivíduo.

“É uma atitude louvável e que vem acompanhada de muitos benefícios para esse público. Podemos dizer que vão desde uma maior ligação com as novas tecnologias, a um contato muito mais próximo com esses jovens que estão na sala de aula e até a prevenção do envelhecimento cerebral. Manter a nossa mente ativa evita o aparecimento de doenças degenerativas do cérebro e vai estimular as sinapses dos nossos neurônios. Pela questão da idade essas sinapses tendem a diminuir, então vai ajudar bastante a pessoa a prevenir e a ter um envelhecimento muito mais saudável, podemos dizer assim, vai melhorar o aspecto da autoestima também, isso aí é superimportante, a pessoa vai socializar, porque o ambiente de sala de aula é um terreno propício para a criação de laços afetivos e muitas vezes essa pessoa que está acima de 50 anos já casou o filho, o filho foi embora para fazer alguma coisa, houve uma separação e muitas vezes ele se sente só, então esse ambiente de sala de aula ele é propício para ter essa reintegração. Então, do meu ponto de vista eu só vejo benefícios em todas as áreas da vida dessa pessoa que faz a opção de retornar a fazer um curso superior’’, avalia Gonçalves.

Psicólogo Carlos Gonçalves (Foto: Tribuna Hoje / Arquivo)

O especialista diz que, além de tudo isso, após se formar a pessoa pode seguir uma nova carreira e recomeçar a vida. “É tão importante o recomeço, principalmente nessa metade da vida, podemos dizer assim, desse indivíduo, que muitas vezes pode estar achando que já é o fim, que já fez tudo, que não tem mais o porquê fazer. E recomeçar é sempre um nascer de novo, é sempre dar possibilidade para novas perspectivas de vida, ter uma visão de mundo melhor, principalmente nessa questão, porque dentro de uma universidade a gente vai ter acesso aos teóricos, à visão desses professores, o mundo acadêmico, então é rico de informação que vai com certeza abrir a mente desse indivíduo”, explica o psicólogo.

Gonçalves avalia que é uma maravilha observar que de fato este processo vem acontecendo e que cada vez mais pessoas com 40, 50, 60 e poucos anos estão voltando a fazer uma faculdade, um curso superior.

“Muitas vezes é o segundo curso, na grande maioria é o primeiro curso devido a diversos fatores, talvez à falta de oportunidade no período em que essa pessoa tentou e não conseguiu, um casamento, filhos, a busca de se manter dentro de um trabalho e muitas vezes elas vão se distanciando dessa realidade e ocorrem também em várias situações. Além disso, essas pessoas ficam meio com medo de voltar a esse local, enfrentar uma universidade, a ter que encarar os próprios professores que muitas vezes são mais jovens do que eles próprios. Então, várias demandas sofrem essas pessoas que muitas vezes deixam de realizar esse sonho por medo de serem atacadas e de se sentir até sofrendo um bullying, se assim a gente pode dizer”, pontua o especialista.

GERONTÓLOGO SOCIAL

O jornalista, professor universitário e gerontólogo social Francisco Silvestre dos Anjos, que trabalha em Alagoas com foco no cuidado da saúde em todas as etapas da vida, e em especial no envelhecimento, afirma que o ambiente universitário ainda é fechado e tem a questão do etarismo.

“O mercado ainda é muito fechado, principalmente aqui no Nordeste, aqui em Alagoas. Se o idoso estiver saindo da faculdade, as portas estão fechadas. A experiência de vida e a sabedoria não vão contar. Tanto é, que as pessoas mais velhas nos concursos, mesmo elas tendo o curso superior, o que vai valer é o número da idade no desempate”, expõe Silvestre.

O gerontólogo social afirma que o público da terceira idade não está mais ativo, ele sempre foi. O que acontece é que ele ficou mais altivo, com mais brilho. “Ou seja, ele está convencido que pode alcançar todos os projetos, todos os seus propósitos. Que está mais propenso a fazer um ensino superior porque ele acredita nos propósitos, ou em um propósito. Eles não estão buscando mais conhecimento ou pelo menos não só conhecimento, mas também estão vendo que a educação continuada lhe dá a possibilidade de ter mais autonomia e de ter mais independência. E serve para ele também no contexto familiar, intrafamiliar, para ele não estar isolado, ele não estar excluído, porque ele se iguala no nível cognitivo dos filhos, dos netos, e aí tem poder, se empodera”.

No áudio abaixo o especialista explica que a maioria dos idosos que está indo para o curso superior já tem uma graduação, no entanto a mídia não destaca isto. Ouça.


ECONOMISTA

Já o economista Lucas Barros destaca que quanto maior a escolaridade, maior o rendimento. Ele aponta que um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirma que a diferença salarial entre trabalhadores com ensino superior e médio chega a ser de até quatro vezes.

Economista Lucas Barros (Foto: Arquivo pessoal)

“A literatura nos ensina que quanto maior a escolaridade, maior é o rendimento. Um recente estudo do Ipea confirma que a diferença salarial entre trabalhadores com ensino superior e médio chega a quatro vezes. Independentemente da idade, essa realidade se aplica e, para quem quer buscar uma melhor colocação no mercado do trabalho, a qualificação educacional e profissional é imprescindível. Essa relação entre educação e trabalho se dá no aumento da produtividade do trabalhador com melhor nível educacional, que pode poupar tempo e/ou recursos para a produção ou prestação de serviços. Do ponto de vista local, é fundamental uma população com mais escolaridade, não apenas no aspecto econômico, mas também cultural e político”, expõe o economista.

ANALFABETISMO

Em um estado como Alagoas, que tem a maior taxa de analfabetismo do país, apesar de menor valor em toda a série histórica: 14,2% - aproximadamente 366 mil pessoas, saber que pessoas com 50 anos ou mais estão entrando na universidade, procurando um curso superior é muito significativo. E os personagens citados na reportagem são exemplos de superação, fugindo dessa realidade negativa que é o analfabetismo.

Dados da nova divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, trazem indicadores da educação em 2023.

Segundo o levantamento, em Alagoas, entre os homens de 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo chega a 40,6%; 255 mil jovens de 15 a 29 anos não estudam nem trabalham - 30,2% dessa população, enquanto a média nacional é 19,8%.

Os dados completos são públicos e podem ser consultados através da plataforma SIDRA: http://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnadca/tabelas/.